quarta-feira, março 22, 2006

Olá Olá.
Tenho para aqui uma carta do John Wayne e não sabia muito bem onde a colocar. Eu só sabia que ele andava desaparecido. O John deixa sempre de aparecer quando entra em fastio de concertos. Sim, porque o John é um gajo musical.
Mas ele sabe que me preocupo com ele, principalmente quando não sei do seu paradeiro. Deixou-me esta nota debaixo da porta do quarto, enrolada e trespassada por uma daquelas palhinhas que ele costuma ter na boca.
Aqui vai:

"Cara Carteiro
Bem sei que não te tenho dito nada, mas que mais podias tu esperar de um filho da mãe inconstante como eu, ãnh? É para aprenderes. Com o tempo aprendi a gostar de ti, muito por causa das cartas que me levavas semanalmente. Estou aqui em terras de sul a tentar fugir da chuva, mas está difícil. Ouvi dizer que ontem foi dia mundial da poesia e que hoje é dia mundial da água. Há gente que não tem mesmo nada para fazer e então põe-se a inventar dias. Como se a poesia e a água não fossem duas coisas daquele saco que se carrega às costas todos os dias.
O rocinante está com gripe e eu cheguei aqui a uma terra de raparigas marotas. Avisa aí as hostes, parece que hoje há um bom concerto no Hot com uma senhora cantora contrabaixista e uma senhora pianista, ambas muito talentosas.
É a única coisa que sei de música, pá. Isso e que os marmanjos do subúrbio entraram em despique involuntário com os da cidade, ou vice-versa, a marcarem concertos para o mesmo dia. Depois queixam-se. Isto ou é oito ou é oitenta.
Bem, para perceberes o que ando mesmo a fazer, envio-te este poema:

"AS RAPARIGAS QUE FOGEM DE CASA

Deixem-me ao nível do mar
Com o seu vento corto a cara

Deixem-me com o espelho do sol
Terra escaldante semeada de segredos.

Deixem-me no mercado.

Noite de rãs.

Não me deixem em casa. "

É um poema do Erdal Alova.
Como podes ver ando muito ocupado.
Elas só falam no plural porque eu não me separo do meu cavalo.
Ah, e já agora, manda beijos repenicados à Brigitte.
Adeus, até breve.

Saudações deste cáuboi.
"

6 Comments:

At 8:52 da tarde, Blogger Diego Armés disse...

O Zamot pediu para continuarmos a conversa por aqui...

 
At 3:28 da manhã, Blogger zamot disse...

Muito bom o poema jon.
Não resisto a comentar a gente que não tem mais nada que fazer senão inventar dias, faz-me pensar que para além de haver gente sem poesia, há gente sem àgua.

Guitas, já viste que até no algarve não se fala de outra coisa senão do despique de datas das duas melhores bandas do país?
Isto está a ficar internacional.

 
At 1:54 da tarde, Blogger B disse...

Também gostei do poema. Quando estiveres com o cauboi manda-lhe beijinhos meus.
Conta-lhe da canção que ando a gravar, que ouviste em minha casa, dedicada a um camarada da mesma profissão.
Em que terra com raparigas marotas anda ele?

 
At 2:47 da tarde, Blogger Diego Armés disse...

Estamos perante um fenómeno de popularidade quase mundial, sem dúvida. Duas bandas de peso, gajos bonitos, musiquinhas catchy... estava-se mesmo a ver.

 
At 6:24 da tarde, Blogger joana disse...

Zamot, essa gente precisa de um balde de àgua fria. Enfim, também há casos perdidos...Mas acho que ele ainda não chegou ao algarve, o selo era da àrea limítrofe de Odemira.
Ele deve andar a meter-se com as meninas da margem esquerda do rio mira. Mas sei que está ansioso para ouvir essas músicas, brigitte.
Quanto ao despique entre bandas, chegou-me hoje um telegrama...
"Sueca alta de metro e oitenta. Possível divisão em duas para assistir dois concertos roque. Jonh ansioso. Rocinante também. Over. "

 
At 7:25 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Eheheheh.

 

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