Memórias de festival ou A sorte bate à porta quando menos se espera.
Flaming Lips em Paredes de Coura 2000
A propósito do novo disco dos Flaming Lips a revista Uncut deste mês traz um artigo porreiro com entrevista a Wayne Coyne. Para acompanhar a leitura fui buscar "The Soft Buletin" à prateleira. Na capa está escrito a marcador preto "Hey B. thanks for working with us. See you again – Love Wayne".
Flaming Lips em Paredes de Coura 2000
A propósito do novo disco dos Flaming Lips a revista Uncut deste mês traz um artigo porreiro com entrevista a Wayne Coyne. Para acompanhar a leitura fui buscar "The Soft Buletin" à prateleira. Na capa está escrito a marcador preto "Hey B. thanks for working with us. See you again – Love Wayne".
Recuando seis anos, trabalhava eu na Warner quando me chega às mãos esse disco de capa amarela e azul, com ar cinematográfico e de uma banda cuja única coisa que conhecia até então era "She don’t use jelly". Olhei-o de lado, porque andava numa fase mais electrónica, e não o ouvi imediatamente. Depois lá cedi e meti a rodela no leitor.
Aquilo que saíu lá de dentro era um ovni. E dos bons. Tocou até à exaustão aparvalhando-me com a mistura de máquinas, instrumentos, personagens estrambólicos e, no fundo, enormes canções pop de um psicadelismo súbtil.
Mal sabia que uns tempos depois, em Paredes de Coura, acompanharia a banda. Organizar entrevistas e coisas afins, zelar pelo bem estar do artista e outro tipo de merdas que as editoras fazem para que tudo corra bem. Claro que fiquei doido só com a ideia e quando a oportunidade apareceu gritei "Eu vou!!!". E fui.
Conheçem a frase "Please don't put your life in the hands of a Rock n Roll band, who'll throw it all away"? Conhecer ídolos é assunto com pano para mangas.
Em vários trabalhos relacionados com editoras ou produtoras lidei com alguns músicos famosos (se formos a ver lidamos com rockstars todos os dias mas…) e nunca se sabe o que esperar. Por vezes desiludem-nos, outras vezes confirmam o que imagináva-mos e às vezes surprendem-nos completamente pela positiva. Foi o que aconteceu.
Três gajos do mais hulmilde possível.
À tarde lembro-me bem de haver uma sessão de futebol junto aos camarins. No mesmo grupo, dando "toques", juntavam-se Adolfo L. Canibal, dois ou três dos ainda pouco conhecidos Coldplay, Wayne Coyne e alguns jornalistas e/ou roadies. Estas coisas só se vêm em festivais como Paredes de Coura que ainda consegue intimidade com um tamanho considerável.
Vários dos que tocavam nessa noite conversavam entre copitos de tintol, cerveja ou água, num ambiente muito bom.
O concerto foi estrondoso.
Aqui há um texto do Público, que não vem creditado mas julgo ser do Tiago Luz Pedro, e que descreve bem o que se passou.
Depois de um momento mágico os três músicos desmontam o próprio material e calmamente voltam para o backstage. Saíndo do palco perguntam "Que tal foi? Acho que o pessoal gostou não?" quase com dúvidas deles próprios, e eu, estarrecido com o espéctaculo gagejo qualquer coisa sem muito sentido, tentando dar a entender que sim. Claro que sim. Ou: o que foi aquilo? Ainda não sei bem o que dizer.
Depois de um momento mágico os três músicos desmontam o próprio material e calmamente voltam para o backstage. Saíndo do palco perguntam "Que tal foi? Acho que o pessoal gostou não?" quase com dúvidas deles próprios, e eu, estarrecido com o espéctaculo gagejo qualquer coisa sem muito sentido, tentando dar a entender que sim. Claro que sim. Ou: o que foi aquilo? Ainda não sei bem o que dizer.
Os Flaming Lips são grandes e vão ser maiores.
At War With The Mystics estará à venda em poucos dias (já devia estar...). Pode ser ouvido integralmente no site da banda. Em breve escrevo aqui sobre ele.
4 Comments:
senhora brigitte, muito obrigado por este bocadinho.
:)
Subscrevo..
É mas é:
Thank ya to the gods of rock!!!
(com pronúncia à Lars Ulrich)
Concerto fabuloso. Está no meu top 5.
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