Memórias de gajo da editora - Sasha on E

Cheguei a casa por volta das 7 manhã. Árduamente cambaleando pelos três andares de escadas acima reparei que havia um laivo de responsabilidade que me turvava a doce anestesia da sessão de copos que tinha começado ao jantar. Porra! O Sasha...
Depois de dormir uma hora e meia levantei-me e percebi que tinha que tomar medidas drásticas ou não seria capaz de aturar o que o emprego me ia exigir. Tinhamos cá um alemão foleiro, chamado Sasha que promovia um disco (ou o que queiram chamar aquilo) recente e como tal havia entrevistas de TV, rádios e imprensa teenager.
Foi aí que me lembrei dos ecstasys herbais que me tinham dado uns dias antes. Pensei: "Cheira-me a tanga. Deve ser um cocktail de vitaminas e excitantes, é mesmo disto que estou a precisar! de certeza que não bate mas há-de me pôr de pé." E tomei. Dois ou três, não me lembro.
Quando estacionei no Tivoli Jardim ainda só sentia a ressaca portanto achei por bem beber mais uma Coca-Cola e uma bica, claro, julgando que os comprimidos tinham sido em vão.

Fui buscar o loirinho porque os primeiros jornalistas estavam a chegar.
Aos poucos as coisas começaram a parecer-me estranhas. Tinha vontade de afiar as unhas na alcatifa do hotel para que pudesse fazer mal ao cantor. Não consegui tirar da cabeça a imagem (na minha opinião obscena) do Sasha a cantar em playback na Roda da Fortuna (ou coisa que o valha) na tarde do dia antes. Suei e bebi bastante água enquanto tentava a todo o custo descobrir um modo de me pôr d'ali a andar. Ocorreram-me milhares de disparates, os quais esquecia logo em seguida, mas no fim foi o meu chefe que me salvou quando percebeu que aquilo ia dar para o torto. Meti-me no carro e fui em primeira até casa já que não conseguia tirar os pés dos pedais tal era a ânsia.

Resolvi o problema à moda antiga bebendo um uisquizinho que dava para encher um vaso.