Vivem-se tempos estranhos na cidade, as pessoas erram entre o calor intenso e a chuva moderada, desaparecem para festivais perto de fábricas que aquecem a água do mar, e nos dias de folga chove intensamente junto à praia.
E alguns restaurantes, vá-se lá saber porquê, não vendem chocolates.
Ora, Agosto nunca foi fácil, por mais que me tentassem convencer, pois o cáuboi não tem grandes filmes para ver nas salas de cinema, mas tem finalmente algum tempo livre para tal. Ontem, depois de ler o fascinante duelo do Osnofa, lembrei-me de decifrar cinematográficamente o amor, ou esse estado inebriado que acontece ao comum dos mortais.
(O cáuboi anda desocupado...)
Annie Hall, de Woody Allen
Diane Keaton queixa-se que não sabe cantar, que a sua voz é péssima. Woody Allen insiste que a senhora canta muito bem e de repente, diz-lhe:
- Olha, dá-me um beijo.
- Agora?
- Sim, agora. É que depois vamos lá para o apartamento e vai ser estranho porque eu nunca sei quando dar o primeiro passo. Assim, despachamos isto e depois vamos comer. Assim digerimos melhor o jantar...
- Está bem.
Punch-Drunk Love, de Paul Thomas Anderson
Adam Sandler, de personagem Barry, persegue Emily Watson, Lena, até ao Hawai e confessa-lhe a sua paixão.
No quarto de hotel ela diz-lhe:
- Estou a olhar para o teu nariz e só me apetece mastigá-lo, é tão giro.
- Estou a ver a tua cara e só me apetece esmagá-la com um martelo, és tão bonita...
O Desprezo, de Jean-Luc Godard
Brigitte Bardot, de personagem Camille, depois de perguntar ao seu marido se ele amava cada uma das partes do seu corpo (pés, coxas, nádegas, ombros, face...), pergunta-lhe:
- Então, amas-me totalmente?
- Sim, amo-te total, terna e tragicamente.
- Eu também, Paul.
Nada fácil...
to be continued
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