Repescagem da semana.
Vintage Violence - John Cale (1970)
Depois de estudar música clássica em Londres, Cale foi para NY onde se apegou à música avant-garde estudando e tocando com John Cage, LaMonte Young entre outros.
Nos Velvet Undergound, entre 1995 e 1969 gravou The Velvet Underground and Nico e White Light/White Heat antes de se chatear com o execrável Lou Reed (eu gosto do Lou mas deve ser um gajo bem chato).
Depois desses dois discos altamente influentes para a história do rock, produziu outros clássicos, Funhouse dos Stooges, Horses de Patti Smith e, ao longo dos anos, tocou variados instrumentos em discos de Nico, Nick Drake, William Burroughs, Brian Eno, Gordon Gano(Violent Femmes), Patti Smith, Ian Hunter, Modern Lovers, etc.
Apesar de venerar os Velvet Underground, até há pouco tempo desconhecia quase totalmente os discos a solo de Cale e tenho vindo a comê-los aos poucos. Este é o primeiro a solo de uma discografia que hoje já vai em vinte e tal.
À primeira vista é um disco pop com ar inofensivo mas depois percebe-se que não é para mastigar e deitar fora: dura e rende mais cada vez que toca. Uma misturada de pop e country-rock com orquestrações de luxo, que só podiam vir de alguém com forte formação clássica, e que destoa no contexto musical de 1970. Gravado em três dias, já que Cale é apologista do espontâneo e do improviso ("I taught the band the songs in one day and recorded them the next." terá dito), Vintage Violence foi produzido por Lew Merenstein o mesmo que em 68 tinha gravado muito aconselhável Astral Weeks de Van Morrison.
Para quem andou na porcalhiçe(será com ç ou dois esses?) sónica (no bom sentido) de White Light White Heat ou dos Stooges, este disco é surpreendente porque está muito mais próximo de uns Beach Boys (ouvir Gideon's Bible) ingleses e amantes de country, do que aquilo que cremos ser esse seu habitat natural (isto sem sequer considerar a fase dos drones avant-garde anterior aos Velvet...).
Houve sempre problemas para comercializar a sua música já que muda(va) constantemente de rumo. Para bem ilustrar isso saiba-se que na mesma semana Cale gravou com o minimalista e mago do "ambiental" Terry Riley "Church Of Anthrax", LP que só seria editado em 71. Diga-se de passagem que não tem absolutamente nada a ver com VV, explora free-jazz e rock experimental. A capacidade não só de gravar carradas de discos, mas também de total polivalência estética ainda se mantém hoje.
Vintage Violence não é o seu melhor mas é um bom álbum e quem dera a muitos compositores pop de alto calibre, chegar aos calcanhares de algumas canções deste disco.
2 Comments:
porcalhiçe(será com ç ou dois esses?) - nem uma coisa nem outra: é só com "c", pá...
Com dois cês!!!
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