segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Serge Gainsbourg - agente duplo

Génio provocador, punk sedutor, ávido fumador. Poeta, françês, cineasta, bêbado, freak, chic, boémio, vaidoso, feio, cool. Vencedor do festival da canção como compositor, fotógrafo, cantor, actor, intelectual, argumentista, palhaço e sentimentalista.

Personagem essencial da música dos últimos 50 anos, teve uma vida com muito para contar. Seguem-se algumas curiosidades.

No chão do atelier de Salvador Dali, entre quadros de Miró, Ernst e Picasso, terá dado uma "cambalhota" com a sua futura primeira mulher. Dali tinha o atelier todo pintado de preto. Daí inspirada, a casa em que viveu desde meados dos anos 60, e onde veio a morrer, era também toda negra (casa de banho incluída).

Boris Vian, ídolo e mentor, escreveu a primeira, e excelente, crítica ao disco de estreia de Serge.
Verdadeiro nome Lucien Ginsburg, Lulu para a família, achava que tinha nome de cabeleireiro e mudou para Serge Gainsbourg quando se inscreveu no equivalente à SPA, para registar as primeiras canções.

Christa Paffgen, mais conhecida como Nico, gravou com Gainsbourg em 63. Ele não gostou da voz dela no contexto e a gravação foi parar ao lixo... posteriormente Nico ruma a NY tornando-se musa de Warhol e vocalista dos Velvet.

Em 1965, uma canção sua ganha o festival da canção pela voz de France Gall. A menina de 16 anos (tipo Britney da época) tem mais dois sucessos com canções suas. O terceiro hit, "Les sucettes", tradução chupa-chupas, descreve o prazer de uma menina ao chupar o lollypop, até o coração de anis da guloseima lhe escorrer pela garganta abaixo...
Quando o óbvio veio ao de cima Serge, responderia "é a canção mais audaciosa do século". A incente rapariga ficou inconsolável... mas voltou a cantar temas dele.

Nos fim dos anos 80, Serge, em directo num programa de prime time da tv francesa diz à outra convidada, a Sra. Whitney Houston, em inglês perfeito mas carregado de pronúncia francesa - "I want to fuck you".

Estou a ler "Serge Gainsbourg - a fistful of Gitanes" (Dacapo Press, $16.85), uma biografia muito bem escrita por Sylvie Simmons.
Além da história da sua vida há dezenas de comentários de gente como Beck, Sly and Robbie, Mick Harvey, Sonic Youth, Air, Momus, Marianne Faithfull, Brigitte Bardot ou Jane Birkin. Todos têm em comum que o cantaram.
Desde puto que me lembro do "Je t'aime, moi non plus". Mesmo sem perceber a letra, sempre me ficou no imaginário como canção de amor impossível (que é). Escreveu-a para Bardot (a verdadeira) com o objectivo de lhe oferecer a melhor, de todas. Gravaram-na juntos mas a actriz teve medo de lhe arruinar a carreira. Veio a ser número um no Reino Unido gravada com Birkin, depois da relação com Bardot ter implodido.

Nos últimos anos tenho vindo aos poucos a conheçer a música e a personagem. Fica aqui esta pequena homenagem. Dia dois de Março fará quinze anos que Gainsbourg morreu no seu quarto em Paris.

7 Comments:

At 5:59 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Hoje faria anos (39) Kurt Cobain, e fazem também os cachorros filhotes da minha cadela, Okapi,(9 aninhos)!!!

Party time!

Duarte Um Órgão

 
At 7:19 da tarde, Blogger Diego Armés disse...

39?! O Kurt está a ficar velho.

 
At 7:20 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Muito interessante!
Já agora, ó brigite, tens de ter cuidado com as cedilhas...é que francês não leva cedilha! (antes das letras "e" e "i" o "c" lê-se como "ss"!).
Desculpa lá o reparo!
Abraço

 
At 7:29 da tarde, Blogger B disse...

Isso dos erros hortográficos é um perú menor. Com gripe.
Mas tens razão meu caro, dou muita mocada no português.

 
At 4:05 da tarde, Blogger Diego Armés disse...

Não faz mal. Qualquer português que se preze já está habituado a levar...

 
At 4:41 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Gainsbourg agora até é personagem de BD.

 
At 3:11 da tarde, Blogger B disse...

Não consigo parar de ouvir o gajo.

 

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